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um amor atrevido

um amor atrevido

Abril 20, 2006

match point

Vieira do Mar

Procurar-me-ás, ainda, no entulho do correio que recebes? Ou já te deixaste disso e agora limitas-te ao recolher obrigatório daquele ansiar pequenino (quase invisível) que, de quando em vez, faz um pop up indesejado por sobre os centros nervosos da tua epiderme resignada para, logo depois, se espraiar esquecimento fora? Para, no segundo a seguir (sim, logo a seguir), se distrair na nervura daquela pedra de calçada (daquela folha), no pigarreio entediado do funcionário que te carimba as precisões burocráticas, na chamada urgente a saber onde estás e a que horas chegas, naquela ideia para um texto que de repente te acorre quando atravessas a rua e não tens caneta nem onde a escrever, ai que já foi, era sobre o quê?, no planear metódico de um fim-de-semana ao sol, os dois sentados no sofá a lerem brochuras, no cruzar breve com uma antiga namorada, então, tudo bem?, tudo óptimo. Qualquer coisa serve, por estes dias, para que te espraias e distraias de mim? Não respondas, faz-me o favor.