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Com a mão direita e uma calma postiça, afastas a madeixa de cabelo que me ensombra a cana do nariz; enfias-me a outra mão por entre a alça do soutiã e estica-la como uma fisga de ir aos pardais, dedilhas-me até ao umbigo, num nocturno de Chopin; percorres-me os nós dos dedos com a ponta da língua, como um chef que provasse uma redução e aferisse da medida exacta de um ingrediente novo; engalfinhas-te ao redor da minha cintura e enredas-me no interior das tuas pernas, enquanto me sussurras que fazes e aconteces e que isto e que aquilo; gargalhas alto, de modo quase inconveniente, quando não me encontras roupa interior, aproveitando para te encaixares em mim como um lego; fazes-me cócegas, fazes-me rir, fazes-me amor e rebolamo-nos como miúdos em dia feriado. Somos os únicos ali e acabamos cansados, línguas de fora como cães a arfar, barrigas para cima a cuscarmo-nos as estrelas do nada surgidas e o que será que está para além de. Plenos, satisfeitos e indiferentes ao que não sabemos. Chamas o empregado, são dois cafés e a conta, hoje pago eu.
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