Abril 24, 2006
atame
Vieira do Mar
Que nada me digas. Aconchega-te. Lambe-me como um cão a pele esquecida. Vadio. Argola-me os tornozelos e os pulsos ao teu desejo-tractor. Arrasta-me. Abre-me as pernas sem qualquer espécie de dó, afasta-me os lamentos de par em par. Vai uivando baixinho. Que te orientes no meu corpo-norte, mesmo que de coração-bússula-partido. Que me releves esta distracção-infracção-leve. Enfia-te mais, compensa-te das noites que tive distraídas, por entre as minhas pernas, as minhas costelas. Chupa-me os polegares, pintados com desleixo, os cantos da boca, adornados com os restos do batôn rosa-vulgar. Vacila a tua maçã-de-adão sobre as minhas virilhas, tamborila-me, com os nós dos teus dedos, a cicatriz que me curva a barriga. E alisa-me, com pinta de lifting (de tanto os sorveres e chupares), os meus pés. De galinha. Neste crescer dos dias, adivinha-se o estio, adivinha-se-me o cio.