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um amor atrevido

um amor atrevido

Abril 30, 2006

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Vieira do Mar

Isto é um jogo, é é um bocadinho arrancado da vida, que é um jogo muito maior. A mim, que me fico pela bisca e pela batalha naval, falham-se-me por isso as analogias. A memória curta não me faz adversária decente e a distracção congénita que me governa os gestos dissolve-me a acutilância e o atino, necessários à função. Perco até a feijões, excepto quando a sorte me golpeia e eu nem sequer me mexi, e não me é difícil imaginar que, neste preciso momento em que me lês, eu descarte várias boas jogadas, daquelas de mão cheia. Mas a vontade de espalhar pelo tampo da mesa as cartas escondidas, à bruta e à estúpida, tenta-me quase tanto quanto a batota. Imagino-te um bluff excelente e eu, uma principiante dispersa, nestes esquemas do desprezo calculado. Se nada te digo, é porque nada tenho para te dizer: não pago para ver, não me lembro que cartas já saíram e não sei quanto valem as que tenho na mão (não me fui ensinada das regras). Por hábito, ignoro o número dos meus oponentes e subestimo-os na sua determinação mais que certa. Tanto rodeio, apenas, para te dizer que te sei aí desse lado, a rondares-me a inépcia perdedora.